O desemprego em Portugal não continua a crescer apenas em termos absolutos (tendo atingindo o melhor valor dos últimos 16 anos), mas mesmo comparando com os nossos parceiros europeus. O Eurostat destaca hoje Portugal como um dos países onde o desemprego mais caiu nos últimos 12 meses, o que fez com que ele seja agora menor cá, do que na média europeia. É a primeira vez desde junho de 2005, que há menos desemprego em Portugal do que na UE.
Ricardo Paes Mamede escreve hoje sobre a perceção negativa errada que temos do Estado português, algumas vezes baseadas em acontecimentos isolados, e muitas vezes indo até contra a nossa experiência objetiva. Alguns excertos:
Parte das nossas percepções sobre o funcionamento do Estado decorre também do que é difundido pelos meios de comunicação social e nas redes sociais. Se alguma coisa correr muito mal, isso é mais facilmente motivo de notícia ou de conversa do que tudo o que corre bem no dia-a-dia. Por cada pessoa que morre num hospital por negligência, há centenas de milhares de pacientes que receberam o tratamento adequado e milhares de vidas que foram salvas - mas só a primeira será notícia.
(...) todos os anos o Fórum Económico Mundial publica um relatório sobre várias dimensões relevantes para a competitividade dos países. O relatório cruza informação de várias fontes, tentando reduzir a subjectividade resultante de impressões casuísticas. Há vários anos que esta publicação diz o mesmo sobre Portugal: o nosso país tem um desempenho sistematicamente superior a todos os outros países comparáveis no que respeita ao funcionamento das instituições públicas.
Comparado com os restantes países do sul da UE (Espanha, Itália, Grécia) ou dos países da Europa de Leste, o retrato que emerge de Portugal é muito mais benigno em indicadores relacionados com ética, corrupção, subornos e desvio de fundos, confiança nos políticos, independência do sistema de justiça, favorecimento de interesses particulares pelos decisores políticos, eficiência da despesa pública, entre outros. Nestes indicadores o desempenho português está mais próximo de França, Alemanha ou EUA - nações com economias muito mais avançadas - do que de países com níveis de desenvolvimento comparáveis ao nosso.
(...) os apoios às empresas financiados pelos fundos europeus em Portugal têm cumprido todos os principais objectivos a que se propõem - aumentar o investimento, a competitividade, a inovação, a internacionalização e a qualificação dos trabalhadores. Estas conclusões, apesar de robustas, contrastam com a percepção generalizada sobre a má utilização dos fundos europeus em Portugal.
A taxa de desemprego em setembro foi de 6,6% de acordo com INE (dados corrigidos de sazonalidade). São menos 18,2 milhares desempregados que no mês anterior, menos 100,1 mil que um ano antes. Olhando para os valores históricos do desemprego em Portugal, é preciso recuar até setemvro de 2002, 16 anos antes, para encontrar um valor melhor que este.
Eurostat: O peso da dívida pública na economia nacional caiu de 129,2% para 124,8% do PIB de 2016 para 2017. São menos 4,4 pontos percentuais, a maior queda em duas décadas, de acordo com o Jornal de Negócios. Portugal teve assim a sexta maior descida do peso da dívida pública na Europa.
O Eurostat compara hoje o número de europeus em risco de pobreza ou exclusão social em 2017, com os mesmos indicadores em 2008. O número de pessoas em Portugal, que está em risco de uma dessas situações, baixou de 2.757 milhares para 2.399 milhares. Percentualmente foi uma redução de 2,7pp, mais do dobro da redução europeia que foi de 1,2pp.
Mais impressionante é que esta forte melhoria é contrária ao que aconteceu aos restantes países do Sul. Grécia, Itália e Espanha tiveram o primeiro, o segundo e o terceiro pior desempenho.
Portugal teve um forte melhoria num indicador de pobreza: o número de pessoas a passar por dificuldades materiais* caiu de 9,7% para 6,9%, tendo alcançado a média europeia (e estando muito melhor que a Itália e muitos outros).
*Severely materially deprived persons have l iving conditions constrained by a lack of resources and experience at least four out of the nine following deprivation items: cannot afford 1) to pay rent/mortgage or utility bills on time ; 2) to keep home adequately warm ; 3) to face unexpected expenses ; 4 ) to eat meat fish or a protein equivalent every second day ; 5) a one week holiday away from home ; 6) a car ; 7) a washing machine ; 8) a colour TV ; or 9) a telephone (including mobile phone).