Tal como muita gente, eu não me farto de insistir que é mais importante olhar para os números do emprego do que dos desemprego.
Confuso? É simples. Uma pessoa que perca o emprego, e que comece a procurar outro depois, aparece em ambas as estatísticas: é menos um empregado, e menos um desempregado.
Mas há casos que não passam de um para o outro. Uma pessoa que perca o emprego e emigre, conta como alguém que perdeu o emprego mas não como alguém desempregado, porque pura e simplesmente deixa de viver no país. Uma pessoa que perdendo o emprego, desiste de procurar outro, também conta como um empregado a menos mas também não conta como desempregado: desempregado é apenas quem procura emprego e não encontra. Assim, uma taxa de desemprego a descer pode não ser grande notícia: pode haver muitas pessoas a desistir de trabalhar, ou a emigrar.
Contudo, o emprego a subir não esconde nada disso. Só soube se realmente houver mais gente a trabalhar.
Há um trimestre atrás, tinha havido apenas um país na Europa a conseguir mais pessoas novas do que Portugal. No trimestre que agora o Eurostat reporta, o terceiro de 2013, Portugal tem o record absoluto de criação de emprego. Enquanto a Europa estagnava com 0,0%, Portugal aumentava 1,2%. Ou seja, a boa notícia de Abril a Junho não foi efémera, tendo até havido uma subida ainda mais forte. Portugal é assim há meio ano o país que mais emprego tem criado.
E isto nada tem a ver com verão. Bastaria olhar para outros países com muito turismo, como Espanha, Itália, Chipre e Grécia, sendo que nenhum destes país melhora, para perceber isso. Mas é o próprio Eurostat que assegura que os dados estão corrigidos de sazonalidade.
A revista Forbes publicou recentemente o seu ranking dos melhores países para fazer negócios no mundo. Usando dados de 11 factores diferentes, como a proteção da propriedade, o nível de inovação, o sistema fiscal, a corrupção, a liberdade (pessoal e económica), a proteção ao investidor e o desempenho do mercado de capitais, seriou 145 países a nível mundial.
Numa lista encabeçada por Irlanda, Nova Zelândia e Hong Kong, Portugal consegue ficar no fecho do TOP20, logo após a França. Logo atrás de Portugal vem o Luxemburgo. A Alemanha aparece apenas em 24º, o Japão em 28º, a Áustria em 32º, a Espanha a seguir, Itália em 37º, Grécia em 46º.
O Índice de Percepção da Corrupção, realizado pela Transparency International, é o indicador mais famoso do nível de corrupção a nível mundial. Como a instituição faz questão de repetir, o índice não se baseia em números oficiais, como julgamentos, investigações ou número de denúncias feitas. É sim baseado em questionários feitos aos cidadãos sobre a sua experiência da sua relação com o sector público.
Nos dados acabados de sair, e a nível mundial, Portugal continua muito bem classificado, ficando em 33º entre os 177 países analisados. O relatório divide então os países em várias classes de corrupção, colocando Portugal no mesmo grupo que a Áustria e Israel, um degrau acima de Espanha, Eslovénia, Malta, Coreia do Sul e Hungria, dois degraus acima da República Checa, Itália e Grécia, e apenas um degrau abaixo de Alemanha, Islândia, Reino Unido, Japão, EUA e França.
Há 14 países da UE atrás de Portugal no ranking (mais um que o ano passado), fazendo com que Portugal entre agora na metade com menos corrupção na União Europeia.
Já vem com uma semana de atraso, mas há tanta coisa boa no PISA sobre Portugal, que vale a pena referir. O PISA é o maior estudo a nível mundial a comparar níveis de ensino entre vários países. São feitos exames de matemática, ciências e leituras a alunos de 15 anos escolhidos aleatoriamente em vários países. O último relatório compara 65 países e centrou-se na matemática.
A primeira coisa que salta à vista do relatório PISA 2013 (com dados de 2012) é quantidade de vezes que Portugal é referido, sempre pela positiva. Por exemplo Portugal é além da Polónia, o único país europeu destacado no relatório pela sua melhoria em todas as categorias num curto espaço de tempo. Portugal, Polónia e Itália são os únicos países que aumentaram o número de alunos com excelentes resultados a matemática, ao mesmo tempo que diminuíam os com maus resultados, de 2003 para 2012 (o relatório foca-se mais na comparação a 9 anos, do que a 3 anos, quando ocorreu o último estudo).
Em termos de matemática, os alunos portugueses ficam à frente dos italianos, espanhóis, americanos, russos, suecos, israelitas, etc. Para lá desses valores médios, a percentagem de portugueses com excelentes capacidades a matemática (5 ou 6 numa escala que vai até 6), é maior do que Dinamarca, Noruega, etc.
Dada a imprecisão dos resultados - por apenas comparar uma amostra do total de cada país - o relatório diz que é até possível que os portugueses estejam acima dos noruegueses, luxemburgueses, franceses e ingleses a matemática.
Dado estes resultados não é de espantar que Portugal tenha sido o país europeu que mais subiu a Matemática de 2003 a 2012.
Na leitura, os portugueses ficam acima dos islandeses, espanhóis, russos, suecos, israelitas e tantos outros.
A melhoria do nível de educação dos alunos portugueses é tão incrível, que o próprio relatório faz um destaquede 3páginas a documentar esta melhoria. Numa outra ocasião é dito que "Portugalimprovedtheir students’ attitudes, dispositionsandself-beliefstowardsschoolin general, andtowardsmathematicsin particular, by, for example, reformingtheir curricula sothatthey are betteralignedwith students’ interestsand 21stcenturyskills". Isto é baseado em várias perguntas sobre a motivação e o bem-estar dos alunos na escolas, algo onde os portugueses aparecem constantemente nos primeiros lugares.