Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

fado positivo

Porque não estamos condenados a ver sempre o copo meio-vazio, aqui só se destaca o copo meio-cheio

fado positivo

Porque não estamos condenados a ver sempre o copo meio-vazio, aqui só se destaca o copo meio-cheio

Há uma semana, uma notícia aparecia em vários sítios: Portugueses gastam menos neste Natal. E não era uma reduçãozita qualquer, a redução era de 22,7% face a 2009! Os títulos escondiam que não estava em causa uma previsão de algum instituto, mas um inquérito aos consumidores.

Como sempre, as respostas que os portugueses dão nestes inquéritos têm zero de credibilidade. Basta ver a notícia que aparece uma semana depois: Compras por Multibanco cresceram 14,6% na semana do Natal. Os levantamentos nas caixas multibanco subiram 9,6 por cento. E embora não haja dados sobre compras online, custa a acreditar que o valor baixasse.

 

Notícias que dão razão de ser a este blog (4)

Notícias que dão razão de ser a este blog (3)

Notícias que dão razão de ser a este blog (2)

Notícias que dão razão de ser a este blog (1)

OCDE:

Os resultados do PISA - o maior estudo a nível mundial sobre educação - já saíram há dias, mas não podia deixar de falar neles.

Apesar de ser um estudo internacional, apesar de ser coordenado pela OCDE e sem qualquer interferência dos governos, apesar do teste ser o mesmo em todos os países, apesar de os alunos analisados terem sido escolhidos aleatoriamente, etc. apesar disto tudo não deixa de ser impressionante o burburinho que os excelentes resultados obtidos por Portugal têm causado. É óptimo termos uma opinião pública que olhe todas as notícias com cepticismo, o que é triste é não haver nem um milésimo deste cepticismo quando as notícias são más. Aquando dos penúltimos dados do PISA, nada disto aconteceu.

Para resumir os bons resultados, deixo três ideias.

 

Leitura: Portugal foi o terceiro país da OCDE, ou seja entre 34, que mais melhorou os resultados entre 2006 e 2009.

Matemática: 4º em 34 que mais melhorou

Ciências: 2º entre 34 que mais melhorou

Eurostat:

Ainda a propósito do mesmo relatório que o post interior, para comparar o PIB ou o consumo em paridades de poder de compra é necessário calcular o nível médio dos preços em cada país. Consumir 10€ de maçãs não é o mesmo em Portugal ou na Dinamarca.

Do relatório ficamos a saber que o nível de preços médios na Zona Euro está 23% acima de Portugal. Na Itália está também 23% acima, na Espanha 13%, e 11% na Grécia. Na Dinamarca são 72% mais altos.

Eurostat:

O Eurostat publica o AIC, Actual Individual Consumption, que segundo o Eurostat é um indicador muito melhor para aferir o nível de vida das famílias em vários países. Por exemplo, os lucros de uma empresa estrangeira em Portugal contam para o PIB português mas é dinheiro que sai do país. Outro exemplo, este do Eurostat e que mostra que o AIC é melhor que o simples nível de consumo, é o consumo de cuidados de saúde. Nos países onde a saúde é paga pelos cidadãos, esta aparece como consumo das famílias, mas nos países onde a saúde é paga pelo Estado, ela não conta como consumo.

O AIC português mostra o que PIB per capita (em paridades de poder de compra) esconde em termos de nível de vida. Enquanto, o segundo é 80% da média, o primeiro é 84%. E o mesmo se aplica a comparações com outros países. A Eslovénia e República Checa têm PIBs maiores que o nosso, mas o seu AIC está abaixo do português, no caso checo o AIC é de 73% da média, 11 pontos abaixo do nosso!

Comparando Portugal com a Irlanda, a diferença de 47 pontos percentuais para apenas 18pp! Com a Espanha de 23pp para apenas 14pp, com Itália de 24pp para 17pp, etc.

 

IEFP:

Segundo os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, o número de desempregados registados voltou a cair em Novembro face ao mês anterior. Há agora menos 4000 desempregados que no fim de Outubro, e menos 7500 que a média do último ano.

Tal como em Outubro, esta evolução é particularmente significativa porque Novembro é normalmente um mês de aumento do número de desempregados. Nos 4 anos anteriores, apenas houve um ano em que isso não aconteceu.

OCDE:

O desemprego aumentou 0,1pp na OCDE em Outubro, mas Portugal contrariou essa tendência, reduzindo 0,1pp.

De entre os PIGS, Portugal foi o país que teve a taxa de desemprego mais baixa. Se incluirmos a Itália, esta tem uma taxa menor, mas está numa forte tendência de subida (+0,3pp num só mês).

 

(Se não tivesse dado uma olhada na imprensa internacional, nem saberia da existência deste relatório - a imprensa portuguesa não o menciona)

 

Eurostat:

Os jovens portugueses (15-24) são os campeões europeus no uso da internet para motivos sociais, como blogues, redes sociais, chat, etc. São 90% aqueles que o afirmam fazer, contra uma média de 80% dos jovens europeus.

Não é só neste índice que se destacam. No uso de e-mail, os portugueses são os quartos que mais o usa, 95% contra uma média de 91%.

Há ainda outro número que mostra a influência dos mais novos no introdução de novas tecnologias. Quando se compara o número de casas com crianças que têm acesso à internet, com aquelas sem crianças e com internet, vê-se que na UE a presença de crianças aumenta o acesso à internet em 19 pontos percentuais. Em Portugal, elas puxam a diferença para os 36 pontos percentuais.

Eurostat:

O Eurostat mede o número de pessoas que pertencem a famílias onde os adultos praticamente não têm emprego*. Na UE 9,0% das pessoas estiveram nesta situação em 2008. O valor português é dos mais baixos a nível dos 27 com apenas 6,3% dos portugueses a viverem em agregados familiares com falta crónica de trabalho.

O percentagem de portugueses abaixo do limiar da pobreza terá aumentado ligeiramente, 0,4p.p. para 18,5%, devido à crise, mas este número continua abaixo de países como Espanha, Itália, Grécia, Reino Unido, etc.

 

 

* Definição do Eurostat: People living in households with very low work intensity are those aged 0-59 who live in households where on averagethe adults (aged 18-59) worked less than 20% of their total work potential during the past year. Students are excluded.

INE:

No mês de Outubro de 2010, a hotelaria em Portugal registou 3,4 milhões de dormidas, valor que representa um acréscimo homólogo de 8,5%. Para este resultado contribuíram maioritariamente os não residentes (+10,8%) (...).
Os proveitos totais atingiram 161,9 milhões de euros e os de aposento 108,4 milhões, equivalendo a variações homólogas de 5,9% e 6,1%, respectivamente.

Pág. 1/2