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fado positivo

Porque não estamos condenados a ver sempre o copo meio-vazio, aqui só se destaca o copo meio-cheio

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Porque não estamos condenados a ver sempre o copo meio-vazio, aqui só se destaca o copo meio-cheio

Eurostat:

O Eurostat compara hoje o número de europeus em risco de pobreza ou exclusão social em 2017, com os mesmos indicadores em 2008. O número de pessoas em Portugal, que está em risco de uma dessas situações, baixou de 2.757 milhares para 2.399 milhares. Percentualmente foi uma redução de 2,7pp, mais do dobro da redução europeia que foi de 1,2pp.

Mais impressionante é que esta forte melhoria é contrária ao que aconteceu aos restantes países do Sul. Grécia, Itália e Espanha tiveram o primeiro, o segundo e o terceiro pior desempenho.

Portugal teve um forte melhoria num indicador de pobreza: o número de pessoas a passar por dificuldades materiais* caiu de 9,7% para 6,9%, tendo alcançado a média europeia (e estando muito melhor que a Itália e muitos outros).

*Severely materially deprived persons have l iving conditions constrained by a lack of resources and experience at least  four out  of  the  nine following  deprivation  items:  cannot  afford  1)  to  pay  rent/mortgage  or  utility  bills  on  time ; 2)  to  keep  home  adequately warm ; 3) to face unexpected expenses ; 4 ) to eat meat fish or a protein equivalent every second day ; 5) a one week  holiday away from home ; 6) a car ; 7) a washing machine ; 8) a colour TV ; or 9) a telephone (including mobile phone).

EUROSTAT:

O Eurostat define exclusão social como a situação em que uma pessoa cai num dos três seguintes critérios: está em risco de pobreza (tem rendimentos abaixo de um certo nível), passa por graves  materiais (como não ter a casa aquecido, não ter refeições decentes, etc..) ou vive num agregado familiar onde os adultos praticamente não têm emprego.

Em todas as 4 categorias de exclusão social, Portugal está ou ligeiramente acima ou ligeiramente abaixo da média. E a média europeia a que o relatório se refere, está certamente beneficiada pela falta de dados de dois países, a Irlanda e a Itália - ambos atingidos pela crise, e ambos com dados mais graves que a média em 2010.

Na categoria global, Portugal tem 24,4% de pessoas em exclusão social, contra os 24,2% da média europeia. Os búlgaros são os que mais sofrem, com 49,1%. Os gregos estão nos 31%,

Em termos de risco de pobreza, há 18% de portuguesas nesta situação, 16,9% na UE.

Privação material é algo por que passam 8,3%, contra 8.8% dos europeus.

Baixíssimo nível de emprego dos adultos da família, afecta 8,2% dos portugueses, contra 10% na Europa.

Eurostat

Uma das razões que me levaram a criar esse blog foi um disparate dito por alguém que a imprensa repetiu acriticamente até à exaustão. Dizia esse iluminado que Trás-os-Montes seria a região mais pobre da Europa. Já mostrei algumas vezes o quão disparatado isto era.

Saíram hoje os últimos dados do PIB per capita (em paridades de poder de compra) nas várias regiões da UE, e infelizmente para a nossa imprensa negativista ainda não é desta que nos tornámos nos mais pobrezinhos da Europa. A região Norte, a região mais pobre em Portugal, produz 130% mais riqueza que a região mais pobre da Europa, Severozapaden na Bulgária. Mais do dobro da riqueza por pessoa. Sim, ainda só são os dados das regiões grandes, e não das sub-regiões, mas nos anos anteriores não fazia diferença fazer as comparações com umas ou com outras.
Portugal continua com duas regiões acima da média comunitária: Lisboa e Madeira.

 

OCDE:

 

É sabido que a taxa de pobreza em Portugal é bastante alta se contarmos apenas os rendimentos, mas o Estado desempenha posteriormente um papel muito importante na redistribuição. O primeiro valor é de pouco interesse, porque para a vida das pessoas o que conta é o que têm depois de pagos os impostos e recebidos os subsídios e abonos. Portugal acaba por sair melhor na fotografia quando olhamos para esses números finais.

A OCDE foi agora mais longe, e contabilizou os serviços que são oferecidos gratuitamente pelo Estado. Porque uma coisa é ser pobre e ainda ter que pagar saúde e educação, e outra coisa é ser pobre mas contar com o Estado para isso.

O gráfico abaixo mostra exactamente o que acontece quanto contabilizamos este serviços que usufruímos. A taxa de pobreza em Portugal cai fortemente, para 5,8%, colocando-nos na média dos países ricos. E enquanto na média da OCDE, estes serviços reduzem apenas a taxa de pobreza em 4,7 pontos percentuais, em Portugal este valor é de 6,9pp, um dos mais altos entre os países ricos.

 

Eurostat:

Em 2010, 20,1% dos gregos, 20,7% dos espanhóis, a Irlanda ainda nao tem dados para 2010 mas os de 2009 eram piores que os portugueses, etc. (para não entrar com países mais pobres) estavam abaixo linha de risco de pobreza. Este valor foi de 17,9% em Portugal, o que nos coloca perto da média europeia, 16,4%.

O Eurostat faz ainda outro índice, onde junta vários critérios. Junta todas as pessoas que estão em risco de probreza, e/ou com carências materiais e/ou pessoas com menos de 60 anos que vivam em famílias onde quase não há emprego. Na Grécia chega a 27,7%, na Espanha a 25,5%, na Irlanda era 25,7% em 2009 (e provavelmente terá seguido a tendência europeia de agravamento em 2010), mas em Portugal este valor ficou nos 25,3%, mais perto da média europeia com 23,4%. Para comparação, na Bulgária 41,6% das pessoas caíram numa destas 3 categorias de pobreza, enquanto na Suécia foram apenas 15%.

Eurostat:

Outro dado curioso, é que há apenas 7 países na Europa onde as famílias têm mais capacidade para lidar com grandes desespesas inesperadas*. Na Finlândia, na França, na Alemanha, na Inglaterra, na Espanha, etc. são mais as famílias que vivem no limiar dos seus rendimentos, do que em Portugal.

 

 

 

*definidas como 1/12 do limiar da pobreza

Eurostat:

O Eurostat mede o número de pessoas que pertencem a famílias onde os adultos praticamente não têm emprego*. Na UE 9,0% das pessoas estiveram nesta situação em 2008. O valor português é dos mais baixos a nível dos 27 com apenas 6,3% dos portugueses a viverem em agregados familiares com falta crónica de trabalho.

O percentagem de portugueses abaixo do limiar da pobreza terá aumentado ligeiramente, 0,4p.p. para 18,5%, devido à crise, mas este número continua abaixo de países como Espanha, Itália, Grécia, Reino Unido, etc.

 

 

* Definição do Eurostat: People living in households with very low work intensity are those aged 0-59 who live in households where on averagethe adults (aged 18-59) worked less than 20% of their total work potential during the past year. Students are excluded.

INE:

O INE divulgou vários dados da situação social em 2008, ano em que se fez sentir a crise internacional em força, comparando-a com 2003.

Aqueles resultados revelam uma tendência de redução da taxa de risco de pobreza monetária entre 2003 e 2008, de 20,4% para 17,9%, destacando-se a diminuição de 8,9 pontos percentuais (p.p.) no risco de pobrezapara a população idosa.

Os resultados apurados apontam ainda para a redução progressiva da desigualdade na distribuição dos rendimentos familiares naquele período, observando-se uma quebra de cerca de 10% na distância entre os rendimentos auferidos pelos 20% da população com maiores rendimentos e os 20% da população com menores rendimentos. Passou de 7,0 para 6,0 em 4 anos.

 

Entre 2003 e 2008 houve um aumento do rendimento monetário disponível que foi totalmente assimétrico. Os 10% mais pobres tiveram um aumento de 6,1%, enquanto os 10% mais ricos apenas 2,3%. Os dados para a restante 80% da população mostra o mesmo: os pobres enriqueceram mais que os ricos.

O coeficiente de Gini (mede a desigualdade) cai pelo 4º ano consecutivo, de 38,1% para 35,4%.

O risco de pobreza caiu 20,4% para 17,9%, nos idosos de 28,9% para 20,1%.

Evidencia-se a redução da taxa de privação material da população idosa em 6,6 p.p., a qual passou de31,3% em 2004 para 24,7% em 2009.

 

INE

As principais medidas de desiguldade de rendimentos voltaram a cair em 2009 (pelo menos) pelo terceiro ano consecutivo. O índice de Gini e o rendimento dos 20% mais ricos face aos 20% mais pobres caíram consecutivamente desde 2006 (o primeiro ano no relatório). O segundo indicador, por exemplo, caiu de 6,7 para 6,0.

 

O risco de pobreza também caiu, de 18,5% para 17,9%.

Ainda dos dados sobre pobreza, o Euostat faz o levantamento de quantas pessoas não têm acesso a uma boa refeição pelo menos dia sim dia não. Neste ponto, há apenas sete países na UE onde há menos pessoas a não ter acesso a uma boa refeição frequentemente. Portugal fica assim à frente da Alemanha, França, Itália, Áustria, etc.

O valor português é de 4%, a média europeia é de 9%, estando a Bulgária na pior situação com 30%.