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fado positivo

Porque não estamos condenados a ver sempre o copo meio-vazio, aqui só se destaca o copo meio-cheio

fado positivo

Porque não estamos condenados a ver sempre o copo meio-vazio, aqui só se destaca o copo meio-cheio

Eurostat:
Há a ideia pré-concebida que em Portugal os patrões têm de pagar muito para contratar alguém - para lá do vencimento do trabalhador, claro. O Eurostat publica hoje os dados dos custos do trabalho, ou seja de quanto custa empregar alguém.
O relatório diz que em Portugal apenas 20,3% do custo total, não é vencimento do trabalhador. Isto contra uma média europeia de 25,1%, e 25,6% na Zona Euro.

A definição exata é a seguinte: Non-wage costsinclude the employers’social contributions plus employment taxes regarded as labour costsless subsidies intended torefund part or all of employer’s cost of direct remuneration.

nonwagecosts.png

Eurostat:

A carga fiscal é aquele tema em que o "senso comum" mais se engana, e certamente está errado também neste número. De 2011 para 2012, Portugal foi o país da UE onde o peso dos impostos na economia mais desceu. Este peso desceu 0,8 pontos percentuais,  de 33.2% para 32.4%, do PIB. Curiosamente, a Itália e a Grécia, tiveram a 2ª e a 3ª maior subida da carga fiscal, 1,6 e 1,5 pontos respectivamente.

Portugal continua, como sempre diga-se, bem longe da média europeia em termos de carga fiscal. Segundo o relatório de hoje do Eurostat, a média europeia está nos 39,4% - bem longe dos 32,4% portugueses. Há assim apenas 6 países com carga fiscal inferior à nossa, sendo que a Dinamarca tem o valor mais alto com 48,1%.

 

Eurostat:

Bem sei que o insensato senso-comum que se ouve por aí diz exactamente o contrário, mas a verdade é que o peso do Estado na economia em Portugal continua bem abaixo da média europeia. Um relatório do Eurostat acabado de sair, compila os dados de 2011. Enquanto num país médio da Zona Euro um Estado leva 39,5% do PIB, em Portugal este valor ficou apenas pelos 33,2%(38,8% na UE27). Dinamarca, Súecia e Bélgica ocupam o pódio com 47.7%, 44.3%, e 44.1%.

O mal-afamado IRS português, também está abaixo da média. O imposto sobre o trabalho foi em Portugal de 25,5%, bem abaixo das média europeias e da Zona Euro, com 35.8% e 37,7%. No IVA, o mesmo cenário. O imposto médio sobre o consumo em Portugal foi de 18%, na Europa foi de 20,1%.

O gráfico já fala por si, a carga fiscal na Europa é em média de 40%, 40,8% na Zona Euro, enquanto cá se fica pelos 36,1%.
Outros dados importantes: os impostos sobre o rendimento em Portugal equivalem a 9,4% do PIB, bem abaixo da média europeia de 11,7%, e por consequência abaixo de muitos países europeus. O mesmo se pode dizer das contribuições sociais, 14,5% na Zona Euro, 9,3% em Portugal.

Eurostat:

Saber que Portugal tem uma taxa máxima de IVA de 23%, enquanto a Espanha tem 18%, é saber muito pouco. Esta informação nada nos diz sobre as outras taxas de IVA que existem, nada nos diz sobre a quantidade de produtos que cai em cada taxa, etc. Se um país tivesse um IVA máximo de 40%, mas que só fosse aplicado sobre latas de sardinhas com aipo, estes 40% seriam totalmente irrelevantes.

Por estas razões o Eurostat calcula as taxas implícitas de IVA, algo como o IVA médio sobre todos os produtos que existem. O último relatório do Eurostat sobre impostos na UE, destaca Portugal exactamente na parte onde se fala de taxas implícitas. Temos o quinto imposto sobre o consumo mais baixo, e o segundo imposto sobre o trabalho (IRS e descontos) mais baixos de toda a Europa. O imposto implícito sobre o consumo em Portugal foi de 17,4% em 2010, abaixo dos 21,3% da média europeia. A Dinamarca teve 31,5%. Sobre o trabalho, em Portugal pagou-se 24,4% (apenas acima de Malta), a média europeia foi de 33,4%, e no Reino Unido foi de 42,6%.

Estes valores tão baixos têm mais uma vez uma conclusão óbvia: o peso do Estado em Portugal no que toca a impostos colectados em % do PIB, é dos mais baixos de toda a Europa. O Estado português cobrou 31,5% do PIB em impostos, a média europeia foi de 38,4%, e na Dinamarca foi de 47,6%.

 

Adenda:

Pode-se achar que o meu exemplo dos 40% sobre sardinhas com aipo é disparatada... mas é exactamente esse tipo de análise que faz o Diário Económico quando escreve Portugal cobra impostos acima da média europeia

 

Adenda II:

Parabéns ao Público que resistiu ao sensacionalismo escrevendo Peso dos impostos cobrados em Portugal em 2010 abaixo da média europeia, e que percebeu que exemplos extremos são isso mesmo, extremos. A média é o que realmente importa.

Eurostat:

Dizer que se paga 40% de IRS é dizer pouco, quando podemos fazer vários descontos.

Dizer que o IVA mais alto é 23% é dizer pouco se houver muitos produtos e serviços a pagar outras taxas.

Uma coisa são as taxas de impostos que existem em teoria, e outra coisa é o imposto que é realmente pago em média. Para distinguir um do outro, o Eurostat calcula a taxa de imposto implícita, ou seja a taxa que realmente pagamos. É esta que importa comparar.

E neste âmbito, o Eurostat não deixa dúvidas: os portugueses são dos que menos pagam impostos em toda a União Europeia.

Em 2009 (últimos dados disponíveis), a taxa implícita do imposto sobre os rendimentos do trabalho foi de 23,1%, os segundos mais baixos de toda a Europa, apenas atrás de Malta. A média europeia foi de 32,9%.

O mesmo se passou com os impostos sobre o consumo. Apenas os gregos e os espanhóis pagaram menos que nós: Portugal teve uma taxa implícita de 16,2% contra uma média de 20,9% na Europa.

Eurostat:

Apesar do "senso comum" (cronicamente caracterizado por falta de senso) estar convencido que o Estado português tem um peso na economia maior que a média, os últimos dados do Eurostat voltam a provar o contrário. Em 2006, 2007, 2008 e 2009 (os anos que estão no relatórios, mas o mesmo se aplica aos anos anteriores) a receita fiscal do Estado português foi de 40,5%, 40,9%, 40,6% e 38,8% do PIB. Estes valores estão claramente abaixo da média europeia que foi de 44,8%, 44,8%, 44,6% e 44,0%, e isto para nem falar da média do Zona Euro que é ainda maior.

Mas não se pense que esta diferença acontece apenas quando se olha para a receita. Até poderia acontecer que a despesa estivesse acima da média, já que Portugal tem tido défices orçamentais maiores. Mas não, a despesa está também ela abaixo da média, cvom 44,5%, 43,8%, 43,6% e 48,2% contra 46,3%, 45,6%, 46,9%, e 50,8%.

Um dos blogues que sigo diariamente, o Economia & Finanças, tinha ontem o seguinte texto:

 

(...) digam lá se o que vem nesta notícia não vai totalmente contra o senso comum? Ainda assim, não há motivos para duvidar das estatísticas (destas pelo menos). (...)

” (…) Portugal surge em 14º lugar entre os 27 da UE com a carga fiscal mais elevada e abaixo da média, quer da UE (39,3%) quer da Zona Euro (39,7%).

Ora, segundo o Eurostat isto aconteceu sistematicamente nos últimos 15 anos (período que consta na base de dados). Como é que um dos blogs económicos mais lidos do país, que está constantemente em cima das últimas informações, pode afirmar que isto vai contra o senso comum?

E o problema não é do blog em causa, é mesmo do senso comum.

 

 

Notícias que dão razão de ser a este blog (1)

O último relatório do Eurostat volta a confirmar o que há muito se sabia, agora para o ano de 2008. A carga fiscal (impostos arrecadados em percentagem do produto) portuguesa continua abaixo da média europeia e da Zona Euro, com 36,7% contra  39,3% e 39,7% respectivamente. A carga fiscal é especialmente baixa sobre o trabalho, onde temos uma taxa implícita de 29,6% contra a média de 34,2%.

O relatório aponta ainda para a variação da taxa máxima do IRS entre 2000 e 2010. Enquanto os rendimentos mais altos da UE tiveram uma diminuição de 7,2 pontos percentuais, mas em Portugal aumentou 2pp.

O IVA português era em 2010 ligeiramente abaixo da média europeia, 20% contra 20,2%.